Atualmente existem uma série de terapias disponíveis para todos os gostos e crenças e isso é realmente fantástico! Porém, meu alerta é que você busque sempre abordagens e metodologias que tenham estudos científicos que comprovem a sua eficácia. Tudo bem se um método der mais certo pra você do que outro, já que somos diferentes e temos preferências e respostas distintas, mas procure sempre metodologias sérias que se comprometam com o objetivo principal de promover a saúde.
Hoje quero apresentar uma abordagem psicoterapeutica chamada EMDR (Eye Movement Desensitization and Reprocessing) que significa Dessensibilização e Reprocessamento por meio dos Movimentos Oculares, essa forma de se fazer terapia foi desenvolvida pela Profª. PhD em Psicologia Francine Shapiro, no final da década de 80 nos Estados Unidos.
Como acontece
A Terapia EMDR é realizada através de estímulos que podem ser visuais, táteis ou auditivos, esses estímulos são levados até o cérebro promovendo o que chamamos de “arranque” (partida) para que o cérebro faça o que ele já faz naturalmente TODOS os dias enquanto a pessoa dorme.
Como assim???
O sono é um processo cíclico, ou seja, existem fases e uma dessas fases chama-se sono REM (Rapid Eye Movement) que significa Movimento Rápido dos Olhos, nessa fase do sono acontece uma intensa atividade cerebral, pois é, sono não é tão descanso assim, pelo menos não para o cérebro!
Durante essa atividade intensa é que o cérebro faz o trabalho de processar todas as memórias do dia, é nessa fase também que acontecem os sonhos e a consolidação de boa parte dos aprendizados.
O caminho do processamento e do reprocessamento
Quando dormimos e chegamos na fase REM o nosso cérebro começa a processar as memórias dos eventos do dia.
Vamos imaginar uma fila, e que nessa fila estão as memórias do que uma pessoa vivenciou durante o dia, e que lá no “atendimento” da fila está sendo realizado um processo de armazenamento.
Cada memória vai para uma gaveta para ser guardada, e quando necessário a pessoa vai abrir essa gaveta para usar aquela memória, certo?!
Enquanto a pessoa dorme, na fase REM os olhos se mexem rapidamente, indicando a atividade cerebral de troca de informações entre o hemisfério direito (que é simbólico) e o esquerdo (que é lógico) e com isso as memórias são processadas.
Agora vamos imaginar que houve um problema com a gaveta…emperrou, por exemplo, com isso a memória não pôde ser armazenada ali corretamente.
De maneira lúdica estou dando esse exemplo para explicar que é assim que acontece quando dentre os conteúdos a serem processados algum sofre um bloqueio, ou seja, por algum motivo tem memórias que o cérebro não dá conta de processar e elas ficam travadas, geralmente localizadas do lado direito na região do sistema límbico (responsável pelas emoções).
Essas memórias não processadas dão origem aos traumas.
Explicando o que é trauma
Acontecimentos marcantes nem sempre são positivos, pois bem, os traumas são exatamente esses acontecimentos que não foram positivos.
Quando acontece um trauma o cérebro guarda (naquela região que estão as memórias que não foram para gaveta correta) informações que tornam aquele evento mais “vivo”, porque lembra que ele não está na gaveta?
Está ali solto…Ou seja, as informações do ocorrido (cheiro, imagens, sensações, emoções, barulhos e gostos) permanecem muito acessíveis!
Sendo assim fica “fácil” acessar aquilo com alguns estímulos iguais ou semelhantes ao que gerou o trauma.
Por exemplo:
Se uma pessoa é maltratada na escola primária por uma professora na frente da classe durante a apresentação de um trabalho, e isso gera um trauma, é possível que ela tenha dificuldades em falar em público na faculdade, no trabalho ou em qualquer situação que precise se expor.
(isso é um exemplo possível, nem toda dificuldade de falar em público tem essa raiz, ok?)
Existem casos em que a pessoa lembra do que chamamos de “evento chave” (a primeira vez que aquilo aconteceu), e existem casos em que a pessoa não lembra. Sente todas as sensações e emoções, mas não tem a recordação do evento chave.
Independente de ter ou não a lembrança é possível trabalhar o trauma.
Entendemos como funciona o processamento das memórias durante o sono, agora vamos entender como funciona o reprocessamento dessas memórias com a Terapia EMDR.
A partir de uma anamnese (entrevista) identificamos o que precisa ser trabalhado, estruturamos um protocolo para aquela situação e utilizamos os estímulos para alcançar a memória a ser trabalhada.
Estímulo visual
O estímulo visual é realizado através de uma barra que tem um ponto de luz, esse ponto corre de um lado para o outro a ser acompanhado com os olhos, mimetizando (imitando) o movimento que os olhos fazem durante o sono REM.
Estímulo tátil
O estímulo tátil é realizado através de terminais que são colocados em contato com ambos os lados do corpo (esquerdo e direito), que vibram levando para o cérebro o estímulo necessário para ativar o reprocessamento.
Estímulo Auditivo
O estímulo auditivo é realizado através de música bilateral, são utilizados fones de ouvidos para que o estímulo seja levado ao cérebro.
Todos os estímulos são realizados de forma bilateral, ou seja, alcançam os dois lados do cérebro revezadamente, os olhos se mexem de um lado para o outro no visual, os terminais vibram de um lado e depois do outro no tátil e a música toca de um lado e do outro nos fones.
O cérebro recebe esses estímulos em seus hemisférios, provocando uma comunicação entre os dois lados, isso possibilita que áreas cerebrais se comuniquem e possibilitem o reprocessamento da memória.
Na Terapia EMDR além de trabalhar traumas, podemos tratar perturbações que aparecem em decorrência de transtornos como depressão e ansiedade, é possível trabalhar medos, inseguranças, vícios, dores físicas com raízes emocionais, distorções de pensamento, crenças limitantes e todo conteúdo perturbador que a pessoa possa vir a ter.
Não podemos apagar o que aconteceu, mas é possível tornar aquilo algo que não traga prejuízos para a rotina diária da pessoa, ressignificando memórias negativas, transformando-as em aprendizados.
Logo após as primeiras sessões é possível notar mudanças de sentimentos e/ou comportamentos.
Não existe um tempo exato estimado para que se tenha resultado, isso depende de cada pessoa.
Não dá para dizer que esse tipo de abordagem é indolor, pois, há contato direto com memórias, sensações, pensamentos e sentimentos que têm significados negativos para pessoa, mas novamente isso depende de cada um, tem pessoas que ressignificam sem dor, já outras experimentam altos níveis de dor inicialmente que vão amenizando conforme o reprocessamento acontece.
É importante ressaltar que, APENAS psicólogos e médicos com especialização em psicoterapia podem se capacitar para serem terapeutas EMDR, portanto ao procurar essa abordagem certifique-se de que está diante de um profissional plenamente capacitado.
Para trabalhar com EMDR é necessário que o profissonal realize o curso de especialização.
Os resultados que a Terapia EMDR tem apresentado se comparados com abordagens convencionais são mais rápidos, uma vez que é trabalhado o conteúdo armazenado diretamente no cérebro e por se tratar de um processo de autocura acontece sem que seja obrigatóriamente necessário verbalizar tudo o que se passa nas memórias, o que pode ser positivo caso a pessoa não se sinta a vontade para falar no assunto.
A evolução é medida através de escalas quantitativas que vão direcionando o caminho a ser tomado enquanto acontecem as sessões!
Se você estiver buscando uma alternativa terapêutica diferente, com resultados potencialmente mais breves experimente a Terapia EMDR, clique aqui e agende uma sessão.
Fernanda de Vasconcelos Silva PSICÓLOGA | CRP 06/141330 |
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