Até que se tenha um diagnóstico pessoal ou de alguém próximo, é comum que as pessoas não tenham conhecimento e interesse sobre a depressão.
Quando uma pessoa resolve buscar ajuda geralmente a gravidade da depressão está no estágio paralisante.
Vamos exemplificar
A rotina que levamos imprime em nós uma urgência para tudo, temos que ser, ter e acontecer!
Essa pressão ambiental acaba se tornando interna, justamente porque vamos internalizando e acreditando que temos que chegar em algum lugar, que não é nem de perto esse que estamos agora, assim está instalada uma autocobrança.
Ou, vamos pensar em uma pessoa que teve uma criação pelos seus pais/cuidadores sendo protegida de frustrações, mas essa pessoa cresceu e começou a enfrentar todos os desafios que a vida adulta impõe, porém, como esteve blindada durante a infância e a adolescência, chegou a vida adulta sem recursos para lidar com a pressão que o adultecer traz.
Temos aqui dois exemplos bem comuns, provavelmente você conhece alguém que se encaixa nesses contextos, ou até você mesmo pode ser essa pessoa. Estou usando esses dois exemplos para ilustrar aqui como mesmo por contextos diferentes as pessoas podem chegar a ter depressão.
No primeiro exemplo a questão central é a autocobrança e no segundo é a baixa tolerância a frustração
Em ambos os casos podemos pensar que há possibilidades de estarem presentes: insatisfação, sensação de impotência, medo de falhar, crenças limitantes em relação ao futuro e afeto negativo.
Nos dois casos, acontecem frustrações pela ausência da realização, entenda que aqui estou citando dois dos vários exemplos que existem, a intenção é provocar uma reflexão sobre a depressão, esses podem não ser casos como o seu, mas de alguma forma você poderá fazer uma correlação.
Os sintomas
O que acontece é que com o passar do tempo essa ausência de realização passa a afetar as emoções, a visão que a pessoa tem de si, a percepção do que os outros pensam sobre ela, os planos para o futuro.
Essas alterações são o que chamamos de distorções cognitivas, ou seja, existe um prejuízo nas interpretações que a pessoa faz e isso caminha de maneira que essa pessoa começa a não ter mais prazer nas coisas, porque tudo lhe parece pouco, sem graça, sem importância, indiferente, sem perspectivas futuras e difícil.
Entenda que essas distorções fazem parte de um conjunto de crenças irracionais, a pessoa não tem essas distorções porque quer ter depressão, isso é construído a partir das experiências que ela vivencia.
Com o tempo o desinteresse fica generalizado e não há mais prazer em atividades que antes eram extremamente prazerosas.
Se instala uma sensação de tristeza profunda e constante.
Os comportamentos ficam tomados pela apatia.
As emoções neutras ou negativas.
Já não tem o mesmo sabor aquela comida preferida.
Já não há felicidade em viajar para aquele lugar sempre tão esperado.
As reuniões sociais começam a ser torturantes.
Sinais como esses são comuns em quadros depressivos.
O diagnóstico
Todo diagnóstico precisa ser realizado por profissionais capacitados, pois existe um critério para que ele se confirme.
É importante dizer que não é por conta de um dia difícil que a pessoa teve que ela está deprimida, isso é um processo. Por isso, a importância de ficar alerta aos sinais e por quanto tempo eles prevalecem.
Fique atento aos excessos negativos, de sono, vontade de comer seja para mais ou para menos, isolamento social… Enfim, todo comportamento que parecer muito diferentes daqueles rotineiros apresentados pela pessoa.
Tratamento
Tratar a depressão é algo que vai exigir paciência, é comum que uma melhora seja seguida de um possível retrocesso, o mais importante é seguir em frente.
Como já citei é importante a avaliação de profissionais capacitados para traçar a estratégia de tratamento, a psicoterapia entra indispensavelmente nesse plano, assim como a atividade física e em alguns casos medicamentos serão necessários dependendo de como se apresenta o quadro depressivo.
Preste atenção, quanto antes você buscar ajuda, menos turbulenta será a adaptação de vida para lidar com essa situação. Ter vergonha ou se julgar forte o suficiente mesmo sentindo muita dor e tristeza não te ajuda no processo de melhora do quadro, é importante sim ter um fôlego interno, mas sozinho ele não vence a batalha.
Procure alguém de sua confiança e converse sobre como se sente em relação a si, aos outros e ao futuro.
Deixe que essa pessoa te ajude, permita-se receber ajuda e ser cuidado, em algum momento todos nós vamos precisar de um amparo seja ele psicológico, emocional ou físico.
A depressão não é o fim, mas pode ser o começo de uma nova forma de levar a vida!
Fernanda de Vasconcelos Silva PSICÓLOGA | CRP 06/141330 |
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